Márcia Atik

Ao ler, ouvir e ver todos os dias na mídia notícias sobre o aumento das mazelas advindas do sexo inseguro...

Gravidez indesejada, doenças sexualmente transmissíveis, AIDS, entre outras - como o se o sexo fosse isso, me deparei com a seguinte questão: até que ponto o trabalho sério desenvolvido universalmente pelos órgãos de saúde de valorização do sexo seguro e da prevenção, estão caminhando bem e repercutindo nas pessoas?

Não me vejo tecnicamente aparelhada de dados para responder essa questão de forma abrangente, mas posso dizer como ser sexual e estudiosa dos assuntos da sexualidade, trazer à luz da reflexão, para que cada um de nós procure a resposta dentro de nós mesmos.

Talvez seja necessário um olhar mais atento e diferenciado, pois quando se preconiza e estimula o uso da camisinha, o que se costuma ouvir são as seguintes frases: “não uso porque meu parceiro não gosta”; “tira a sensibilidade”; “eu conheço meu parceiro”; “não estou no período fértil”; “tenho alergia”. Enfim, mil desculpas até certo ponto ingênuas e burras quando o que está em jogo é uma questão tão relevante, que é a possibilidade de morte do corpo, dos sonhos e da ilusão.

Nesse contexto acho muito importante ver a questão por outro ângulo que não seja o da morte, mas sim o da vida; da prevenção. Nesse sentido, temos dois aspectos da mesma questão: um é a morte e o outro é a vida, porque luzes e sombras andam juntas e uma não existe sem a outra.

Portanto, na maioria das desculpas ou motivos para não se praticar o sexo seguro é a negação, sendo assim admitir a camisinha seria admitir a dolorosa realidade que AIDS existe, então eu nego isso, não sofro e me comporto de forma contrária aos preceitos e toda a lucidez.

Tudo isso parece muito louco, mas se fizermos uma retrospectiva não muito distante podemos ver que essa atitude é familiar a nós. Até pouco tempo atrás, quando ainda não se cogitava uma cura para alguns tipos de câncer, falar essa palavra era proibido, pois era como se admitir e ficar vulnerável à doença. Referia-se ao câncer como “aquela doença”!

Portanto não falar é imunizar-se, não falar é não admitir a possibilidade.

Contudo da AIDS não espera a conscientização pelas suas características, sendo assim é a hora ou melhor, já foi ontem a hora de se aceitar a realidade e mudar comportamentos e preconceitos e introduzir a camisinha no arsenal erótico e imprescindível do encontro sexual.

Por outro lado, vale ressaltar que a camisinha não é fator inibidor de desejo sexual, mas reflete isso sim a maneira como pensamos, sentimos e usamos a nossa sexualidade como passaporte para a vida, alegria, encontro e prazer.

Enfim, não ser camicase e não expor você nem o seu parceiro ao risco. Porque se algo não vai bem na relação a culpa não vai  ser da

Psicóloga clínica, conferencista, com especialização em Sexualidade, Terapia de Família e Casal, Transtornos Alimentares e Doenças Psicossomáticas, Márcia Atik tem vasta experiência na área, seja atuando em consultório, coordenando grupos, ministrando palestras em escolas, empresas, associações, sindicatos, prefeituras e demais organizações. É membro do Centro de Estudos e Pesquisas do Comportamento e Sexualidade (CEPCOS).
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