Por Christina Ferraz Musse

Não são poucos os momentos da minha vida em que me flagro perguntando a mim mesma o porquê de estar sempre preocupada com os outros e com o mundo. Em questões ambientais, então, chego a ser radical. Preocupada com o futuro do planeta, com o aproveitamento dos recursos não-renováveis, com a omissão dos governos e das comunidades em relação às questões do lixo, da ocupação do espaço urbano, da destruição da fauna e da flora... Certamente, não sou a única. Sem dúvida, tem crescido a mobilização popular, mas ainda são poucas as experiências que têm dado certo e ainda estamos muito longe dos índices de conscientização já obtidos em países de Primeiro Mundo, como a Alemanha, por exemplo.

De qualquer forma, às vezes somos brindados com gratas surpresas. Este foi o meu caso. No primeiro fim de semana de junho, eu e minha família seguimos para o sul de Minas, em direção a Andrelândia, a cerca de 150 quilômetros de Juiz de Fora. Nosso objetivo era o de passar o final de semana na Pousada dos Querubins, atraídos pelo cenário de cachoeiras, ambiente rústico, comida caseira e preços justos. O resultado foi mais do que o prometido. A pousada está cedida em comodato para a Fundação Guairá, que possui programas de aproveitamento dos recursos da região, apoiando as famílias na produção agropecuária e fixando-as ao seu meio, evitando o êxodo rural, além de preservar o ecossistema das nascentes do Rio Grande. Mas o que mais impressiona é que a Fundação foi criada por um grupo de profissionais liberais de Juiz de Fora, em 1981, como uma instituição privada, sem fins lucrativos, unicamente com o objetivo de pôr em prática um sonho, um ideal de vida mais harmônico, mais completo. Conheço algumas dessas pessoas e sei que elas poderiam estar muito bem fechadas em seus mundinhos particulares, sem se envolver com nenhuma dessas questões. Mas resolveram arregaçar as mangas e construir algo novo.

Na pousada, extremamente confortável, com pequenos requintes que vão da hidromassagem à lareira no quarto, vivi bons momentos de relachamento. Não estava frio e pude aproveitar a piscina e as cachoeiras. Fiz caminhadas revigorantes, comunguei um pouco mais com a natureza e voltei para casa reenergizada. Na mala, potes de mel, doce de abóbora e cestos artesanais. A sensação é a de que usufruí de uma trégua, no meio da guerra, de que estive em sintonia com as coisas realmente importantes, essenciais.

Tudo isso faz muito bem. Melhor ainda é saber que com o turismo ecológico, que privilegia a preservação do meio-ambiente, podemos encontrar alternativas regionais para a crise de vocação econômica que persegue a nossa região. Não é só isso. O exemplo da Fundação aponta para as possibilidades de que todos nós, tornemo-nos pequenos empreendedores de projetos que não precisam abrir apenas a possibilidade de bons negócios e de se ganhar dinheiro, mas também a de construir soluções originais e criativas para os impasses do nosso dia-a-dia. Não dá mais para ficar esperando que alguém nos mostre o caminho ou nos dê soluções. É urgente que todos nós nos transformemos em agentes de transformação em busca de um mundo melhor. Não é preciso demais, talvez até muito pouco, mas, certamente, é preciso amor, solidariedade e perseverança.

P.S.: Se você quer mais informações sobre a Pousada dos Querubins, não pense duas vezes. Aproveite o embalo e ligue para a Lilian, pelos telefones (35)-33251934 e (35)-33251162. Bom proveito ( e boas idéias empreendedoras ecologicamente corretas! ).

Christina Ferraz Musse