Planos e Projetos
Por Christina Ferraz Musse
O mês de janeiro é sempre meio esquisito. Eu, aquariana, que o diga. É absolutamente impossível se conseguir fechar um projeto. Há que se esperar fevereiro. E, se bobear, o Carnaval, a banda, a Semana Santa. É o mês em que a maioria das pessoas que pode, ou têm família, acaba tirando alguns dias para descansar. Se possível, na praia. E tem sensação mais gostosa do que olhar o céu azul, o mar, sentir a areia quentinha nos pés e saber que você tem todo o tempo do mundo? Para ler, mergulhar, andar, jogar frescobol, tomar um cervejinha, paquerar, se bronzear... Isto, é lógico, se você der a sorte de não pegar nenhum engarrafamento, do apartamento alugado ou da pousada reservada ser realmente a sua cara, do sol não te fazer um camarão, do peixinho frito não castigar o teu estômago, de nenhum funkeiro se atrever a ligar o som ao teu lado, de você não perder nada, não ser roubado, nem enganado e, principalmente, do tempo colaborar e não chover, nem uma gotinha sequer!!
A gente passa o ano sonhando com aquela imagem de cartão postal. Aquele cheirinho de maresia, o barulho das ondas estourando na praia, o gosto de uma comidinha bem temperada, a visão de um mundo sem problemas. É o bálsamo, a recompensa. E tem gente que diz que se orgulha de não tirar férias há não sei quanto tempo... Nestes casos, sempre apelei para a sabedoria de minha sogra, que, depois de anos de labuta na Justiça do Trabalho, acompanhando todo o tipo de recisão ( justa ou injusta ), além de ter tido a coragem de criar dez filhos, sempre me aconselhou a tirar férias, viajar, viver, afinal. Porque tudo passa, como todos nós sabemos, mas, alguns ainda insistem em acreditar que podem "esticar" o tempo e deixar tudo para o dia seguinte, o mês seguinte, o ano seguinte...Isto não é só questão de dinheiro, embora a gente bem saiba que, num país de Terceiro Mundo, tirar férias ainda é um privilégio. Todo político ou governante sabe que a gente não quer só comida, também quer diversão e arte, mas não sei se isso dá voto ou se é prioridade. Nos países de Primeiro Mundo, o período de férias costuma ser menor, mas as pessoas procuram se divertir e, por isso mesmo, a indústria do lazer e do turismo é das que mais crescem.
Gostaria de defender, aqui, a idéia de que lazer, diversão é direito de todo o cidadão. Até porque esta é uma das armas contra a mau-humor daqueles que nos perseguem o ano inteiro, em temíveis ambientes de trabalho. Sei que todo consultor de Recursos Humanos defende o riso e o bom humor como peças fundamentais para um convivência pacífica no emprego. Mas vocês já repararam que somos cercados de gente de mal com a vida? Gente que está sempre reclamando, que nunca tem tempo, que está sempre correndo, que "vira no arranque" com a maior facilidade. Fora a legião dos vampiros, sempre dispostos a chupar não só o nosso sangue, como a nossa energia e bom astral. Pois bem, férias anuais resolvem alguns desses problemas. É lógico que férias levemente planejadas para que você não seja surpreendido por doses ainda piores de tudo aquilo do que está procurando distância.
Tenho tido a felicidade de poder tirar sempre as minhas férias. Algumas mais sofisticadas, outras, muito simples, mas todas, sem dúvida, prazerosas. Acho uma glória poder gastar algumas horas do ano para poder escolher para onde ir, ler sobre aquele lugar, que até pode estar bem próximo, mas tem seus segredos, seus encantos. Adoro pesquisar alguma coisa na Internet ( mesmo quando acessar o site escolhido demande uma pequena dose extra de paciência ). Acho o máximo descobrir aquela dica que poucos conhecem com um viajante mais experiente. Todo esse período de gestação da viagem me dá um intenso prazer. E quanto mais o dia da partida se aproxima, mais fico excitada, feliz, mal consigo dormir. Tenho que reconhecer que, às vezes, o hotel não é exatamente o que eu esperava, que o grupo da excursão tem lá os seus "pelinhas", que a comida não faz jus ao meu sonho de virar gourmet, mas, reconheço que ter o coração e a mente abertos para a descoberta, para o novo me fazem muito feliz. E, o que é melhor, viajar consegue recarregar minhas baterias e fazer com que eu consiga voltar para a minha rotina sem a menor intenção de chatear ou complicar a vida de ninguém!
Comentários