Por Talita Magnolo

Eu me vi sentada na minha varanda vestindo um pijama velho. Era o último dia do ano. O último nascer do sol de um ano de risadas, conquistas, derrotas, quedas, reerguidas, trabalhos mal feitos da faculdade, alguns bem feitos, sorvetes, restaurantes, amigos novos, amigos antigos. Um ano de sentimentos, abraços, atitudes precipitadas, palavras ao vento.

A primeira coisa que me veio à cabeça foi a passagem do ano passado. As promessas, os desejos, o momento em que joguei flores e moedas no mar. Será que eu conquistei tudo? Será que realmente fui uma pessoa melhor? Quando pensei nisso percebi que não realizei nenhum pedido feito naquela noite na praia. Fiquei triste. Como uma pessoa pode não realizar aquilo que ela mesma se propôs? Foi aí que me venho a palavra “destino”.
 “Destino”? Você me perguntaria...  Alguns até ousariam dizer que destino não existe. Mas com todo respeito, é aí que está a beleza de não se realizar o que quer. Ás vezes somos muito humildes no que pedimos sendo que a vida nos reserva coisas muito melhores.

Eu pedi amigos verdadeiros e recebi amigos- irmãos. Pedi realizações e recebi conquistas inimagináveis. Pedi paciência e recebi oportunidades que me ensinaram isso. Pedi saúde, fartura e recebi tudo isso em dobro. Pedi que a vida me desse o que fosse melhor para mim e recebi uma história de amor de sete anos atrás.
Naquela manha eu olhava o dia nascer. O último dia ano. O que eu iria pedir? O que eu iria desejar para o próximo ano ao jogar uma flor no mar? Eu resolvi que naquela passagem de ano eu não ia pedir nada. Eu ia agradecer, sabe porque? Porque a vida é muito sábia e o destino mais ainda.

Além do mais, eu tenho tudo que um dia eu poderia desejar... Tenho um sorriso que cativa, palavras que consolam, abraço que acalenta, a habilidade de não entender piadas, o medo de ficar sozinha, fé, saúde, família e amigos verdadeiros.  

E foi assim, com uma lágrima tímida no meu olho que eu vi começar o último dia de mais um ano da minha existência. Sorrindo e agradecendo.