Por Regina Racco

Uma vez ou outra, durante a minha vida, topo sempre com alguns ensinamentos que ouvi quando ainda era menina, de minha avó. Parecem tão atuais, como se realmente a nossa vida fosse uma eterna repetição de fatos absolutamente previsíveis e que talvez lucrássemos muito em observar com maior atenção o nosso dia a dia, as reações das pessoas que nos cercam e pesar muito bem cada reação nossa.

Lembro-me bem do Marcelo, fez alguns serviços para mim e enquanto executava as tarefas, conversava sobre sua vida, assim, como um desabafo. Estava preste a se separar porque não agüentava mais trabalhar tanto, chegar em casa em alguns dias já altas horas e levar as “broncas” que levava de uma esposa ciumenta!

Ele realmente estava esgotado, nos estertores de um casamento mal sucedido porque sua esposa não o compreendia, sequer sabia que todo esse esforço também era para ela e o filho, na época, um bebezinho.

Confesso que ouvi mais do que falei, porque quando o seu interlocutor está em um estágio assim tão avançado de mágoas e certeza do que quer, torna-se difícil tentar retrucar, mas enquanto ouvia, lembrei-me de outra historia. Tinha acontecido com uma amiga de escola. Ela era uma bem sucedida vitrinista, profissão que em minha cidade, (mais de cinco mil lojas só de malha), é muito requisitada.

Com ela havia acontecido fato idêntico. Ela também estivera à beira da separação, mas algo aconteceu:

Anderson, seu marido foi despedido. Sem emprego, enquanto procurava por outro, começou a acompanha-la de loja em loja, carregando coisas, dirigindo para ela. Descobriram que dois trabalhavam melhor e mais rápido que um! Hoje estão felizes juntos e são parceiros na profissão assim como na vida.

Esperei uma brecha e contei essa historia para meu interlocutor furioso. Ele ouviu calado, sem muito interesse e se foi.

Mas sei também que o mundo não é redondo por acaso. Hoje nos encontramos no estacionamento do shopping. Já se passou mais de um ano desde aquela nossa conversa. Ele estava atarefado, levando o filho, agora, um garotinho e pacotes, quando me viu, veio em minha direção, depois de entregar criança e pacotes para alguém no interior do carro.

Sorridente e apressado, contou-me que mudara de profissão. Agora trabalha com internet e serviços gráficos e que sua quase ex esposa o auxilia, trabalhando as imagens. Estão lado a lado nessa e muito felizes.

Fiquei feliz em saber. Sei que algumas relações quando trazem sofrimento é melhor que acabem rápido! Não existe nada mais patético do que dois seres humanos, perfeitos, saudáveis, vivendo lado a lado o martírio de um casamento inútil. Nem os filhos se beneficiam disso. Mas quando existe amor, vale a pena lutar.

Uma das formas de luta pode ser exatamente essa. Trazer o parceiro ou a parceira para seu lado, descobrir o que está gerando infelicidade, suspeitas, mágoas e insatisfações e mudar esse quadro.

Parceiros quer dizer parceria, gente lado a lado usufruindo alguma coisa a dois. Porque não a vida por inteiro e não apenas alguns momentos entre o jantar e a hora de dormir?

Pode ser maravilhoso. Reconheça o valor de quem você ama! Incentive, mostre para essa pessoa que a quer por inteiro e não em alguns momentos do dia.

Um dos motivos de mágoa entre os casais acontecem exatamente por isso. Um não compreende o trabalho do outro, não valoriza e nem incentiva, ou a carência está tão grande que se encara o trabalho do outro como um “rival” e como tal temos que combater.

Se você sente que está acontecendo algo parecido em seu relacionamento, reverta o quadro! Sempre é possível quando existe amor!

Regina Racco é Terapeuta Corporal e professora de pompoarismo, trabalha com a técnica de fortalecimento muscular genital pompoar desde 1991.
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